29.9.09

Doce Sono

Ela acordou como de costume. Levantou-se, cuidou de sua higiene pessoal. Acordou o marido e os filhos. Passou o café e arrumou a mesa. Sentou-se com sua família para o desjejum. Observava cada um.
Quantos anos de casada mesmo? Vinte quatro e neste ano completaria vinte e cinco anos. Já estavam preparando a festa. Ela o fitava, fizera uma ótima escolha. Nestes vinte quatro anos passaram muitas coisas juntos. Momentos de crise e um quase divórcio, mas com o tempo, e a maturidade, acerto de arestas e o amor, o casamento solidificava e este último, o amor, crescia. Nem mesmo um caso extraconjugal do marido foi capaz de derrubar os alicerces que ambos construíram com tanto amor e respeito. E afinal o perdão servia para tocar o barco para frente. Fizera bem em lhe dar uma segunda chance, como era lindo o seu marido, mesmo que só aos olhos dela. Passara agora a observar o seu filho mais velho, vinte e três anos e já encaminhado na vida. Estava noivo e de casamento marcado. Fizera faculdade de direito e logo após tentara um concurso público e passara. O filho mais novo dera muito trabalho, síndrome do filho caçula, diziam, era o sonhador da casa, mas aos vinte e dois anos terminara a faculdade de gastronomia e estava com viagem marcada para a França com intuito de aprimorar seus conhecimentos e talvez ficasse por lá. Enfim o ciclo estava se completando.
Fizera um bom trabalho. Sorria enquanto pensava e recolhia da mesa os utensílios usados no café. Na porta despediu-se de seus filhos com um abraço afetuoso e terno e um beijo delicado. No seu marido deu um beijo longo e cheio de amor e paixão. Abraçou-o e o apertou contra si. Fechou a porta, voltou para sua cama, deitou-se, fechou seus olhos e com um sorriso no rosto, partiu.




Texto por Andréa Lima - Criado em 29/09/09

3.9.09

Em Tempos de Politicamente Correto

Brasileiro tem em suas veias uma grande quantidade de sangue cômico. Ri-se de tudo e de si mesmo. Dia desses, numa de minhas viagens de ônibus rumo à minha residência, enquanto observava o movimento da rua pela vidraça um tanto suja do lotação me deparei com uma cena inusitada: parado bem na esquina um carrinho de churrasco conduzido por um afrodescendente, que também preparava os churrasquinhos e no carrinho era anunciado em letras grandes e amarelas: "CHURRASQUINHO DO ALEMÃO".


Texto de 2007, quando eu ainda morava em Vila Velha/ES.