Carlos estava empolgado. Contava as horas para o final do expediente, afinal depois de meses, desde que vira Marcinha pela primeira vez na empresa, tomara coragem e chamou-a para irem a um barzinho perto do trabalho. E ela topou. A única condição era que ela pudesse levar uma amiga, Carolina, que ela conhecera também na mesma empresa.Carlos não se importou. Até ficou conjeturando que talvez fosse porque Marcinha era tímida. Afinal, várias vezes ele a encarara, mas ela sempre desviava o olhar e quando ele fazia alguma brincadeira, ela enrubescia e ficava sem jeito. Talvez fosse daquelas moças de família às antigas que levavam “vela”. Bem, ele realmente se encantara por ela e estava disposto a levar um relacionamento sério. Passou o dia envolto nestes pensamentos.
Enfim, chegou a tão esperada hora. Carlos passou no setor de Marcinha, Carolina já estava lá, as duas estavam conversando muito próximas, falavam baixinho, quando ele chegou deu para notar que elas mudaram de assunto. Ele ficou empolgado! Claro, era dele que estavam falando. Ele ficou contente, pois agora ele tinha mais um motivo para achar que o interesse era mútuo. Ele as cumprimentou e os três saíram animados para o barzinho.
Ficaram no barzinho umas três horas, conversaram sobre assuntos diversos, faculdade, a careca do Dr. Souza, o chefe de Carolina, que além de chato, não assumia a calvície e tinha o péssimo hábito de pegar os ralos cabelos que ainda teimavam em aparecer nas têmporas e penteá-los sobre a calvície o que o deixava com um aspecto medonho, e ainda por cima dava em cima de Carolina o dia todo. Riram da situação e Carolina, rindo, disse que o denunciaria por assédio sexual, claro que era tudo uma brincadeira, porque apesar de chato o Dr. Souza era das antigas e o máximo que fazia era chamá-la de flor e dar umas piscadelas para ela e nunca tinha lhe faltado com o respeito. Falaram sobre filmes, livros e arte. Carlos estava embevecido, afinal além de linda, Marcinha demonstrava gosto apurado para artes e era muito inteligente. Em determinado momento, ela se levantou e disse que ia ao banheiro, no que foi seguida por Carolina, afinal, pensou Carlos, mulheres sempre vão ao banheiro em bandos. Ele daria tudo para ser uma mosca e estar lá para ver o que falariam. Tinha para si que falariam dele, afinal, pegou uns olhares furtivos de Marcinha para ele, e de Carolina para Marcinha. Olhares que pareciam contar algo uma para outra. Aguardou ansioso a volta das duas. Ficaram menos de dez minutos no banheiro, mas para ele pareceram horas. Conversaram mais um pouco, mas logo pediram a conta, afinal, no dia seguinte os três teriam que estar no trabalho cedo.
Carlos foi caminhando com as duas até o ponto de ônibus de Carolina e Marcinha. As duas pegavam ônibus no mesmo ponto, porém para lugares diferentes. Carlos estava torcendo para o de Carolina chegar antes do de Marcinha para ver se rolava um beijo. Ele tinha carro, mas estava no conserto, a pastilha de freio estava gasta e quase falhou com ele no início da semana. Queria que o carro estivesse bom, afinal seria melhor para estar com Marcinha, mas enfim, melhor era ser prudente. E aquele era somente o primeiro de muitos encontros, não é mesmo? Esperaram, uns dez minutos, quando o ônibus de Carolina apontou ao longe, ele ficou empolgado, o coração acelerado. Então viu que Marcinha foi até Carolina para se despedir, foi quando ele ficou estatelado, Carolina e Marcinha se olharam e se beijaram na boca, apaixonadamente. O ônibus chegou, Carolina entrou. Carlos, parado, atônito, pensou: - E agora, seu Carlos, quem é a “vela” afinal?
Nenhum comentário:
Postar um comentário