Ficaram no barzinho umas três horas, conversaram sobre assuntos diversos, faculdade, a careca do Dr. Souza, o chefe de Carolina, que além de chato, não assumia a calvície e tinha o péssimo hábito de pegar os ralos cabelos que ainda teimavam em aparecer nas têmporas e penteá-los sobre a calvície o que o deixava com um aspecto medonho, e ainda por cima dava em cima de Carolina o dia todo. Riram da situação e Carolina, rindo, disse que o denunciaria por assédio sexual, claro que era tudo uma brincadeira, porque apesar de chato o Dr. Souza era das antigas e o máximo que fazia era chamá-la de flor e dar umas piscadelas para ela e nunca tinha lhe faltado com o respeito. Falaram sobre filmes, livros e arte. Carlos estava embevecido, afinal além de linda, Marcinha demonstrava gosto apurado para artes e era muito inteligente. Em determinado momento, ela se levantou e disse que ia ao banheiro, no que foi seguida por Carolina, afinal, pensou Carlos, mulheres sempre vão ao banheiro em bandos. Ele daria tudo para ser uma mosca e estar lá para ver o que falariam. Tinha para si que falariam dele, afinal, pegou uns olhares furtivos de Marcinha para ele, e de Carolina para Marcinha. Olhares que pareciam contar algo uma para outra. Aguardou ansioso a volta das duas. Ficaram menos de dez minutos no banheiro, mas para ele pareceram horas. Conversaram mais um pouco, mas logo pediram a conta, afinal, no dia seguinte os três teriam que estar no trabalho cedo.
Carlos foi caminhando com as duas até o ponto de ônibus de Carolina e Marcinha. As duas pegavam ônibus no mesmo ponto, porém para lugares diferentes. Carlos estava torcendo para o de Carolina chegar antes do de Marcinha para ver se rolava um beijo. Ele tinha carro, mas estava no conserto, a pastilha de freio estava gasta e quase falhou com ele no início da semana. Queria que o carro estivesse bom, afinal seria melhor para estar com Marcinha, mas enfim, melhor era ser prudente. E aquele era somente o primeiro de muitos encontros, não é mesmo? Esperaram, uns dez minutos, quando o ônibus de Carolina apontou ao longe, ele ficou empolgado, o coração acelerado. Então viu que Marcinha foi até Carolina para se despedir, foi quando ele ficou estatelado, Carolina e Marcinha se olharam e se beijaram na boca, apaixonadamente. O ônibus chegou, Carolina entrou. Carlos, parado, atônito, pensou: - E agora, seu Carlos, quem é a “vela” afinal?